Depois do Idai, Moçambique volta a ser assolado pelo furacão Kenneth
O furacão Kenneth entrou em
Moçambique pela costa norte. Segundo relatos à agência Lusa, o vento e a chuva
estavam a provocar uma "situação caótica", disse morador na vila de
Macomia, sede de distrito no caminho previsto do ciclone Kenneth pela província
de Cabo Delgado. Estando a energia cortada era difícil obter mais informações
durante a noite.
"Nunca nada disto aconteceu nesta região, e raramente acontece no mundo, um ciclone desta força a atuar durante estes dias todos. Podemos ligar este ciclone à mudança do clima. Não só a chuva está mais intensa como cai em menos tempo, e porque atinge temperaturas mais altas na atmosfera, não diminui", disse ao jornal The Guardian o meteorologista Eric Holthaus.
Há pelo menos um morto na cidade
de Pemba, Norte do país, que morreu durante a noite devido à queda de um
coqueiro tombado pela tempestade, disse à Lusa fonte da proteção civil local.
Desta vez, as autoridades agiram
com mais força, e segundo o Instituto Nacional de Gestão de Crises, mais de 30
mil pessoas foram retiradas das áreas que se prevê sejam atingidas. Prevê-se
que este ciclone atinja uma área com mais de 600 mil pessoas.
Desde ontem à noite que não há
energia e os moradores ficaram fechados em casa. Antes do anoitecer já havia
árvores caídas e estragos em alguns edifícios públicos e em casas de construção
precária, em que as chapas de zinco são habitualmente os primeiros pedaços a
voar durante intempéries.
Não há relatos de dois furacões
de tamanha intensidade atingirem esta região, segundo os serviços
meteorológicos da BBC. 2019 fica na história como o primeiro em que o país foi
atingido por dois ciclones de categoria dois ou superior na mesma época chuvosa
- depois de o Idai ter atingido o território em março classificado com
categoria três. O Kenneth atingiu, ontem, a categoria quatro.
"Nunca nada disto aconteceu nesta região, e raramente acontece no mundo, um ciclone desta força a atuar durante estes dias todos. Podemos ligar este ciclone à mudança do clima. Não só a chuva está mais intensa como cai em menos tempo, e porque atinge temperaturas mais altas na atmosfera, não diminui", disse ao jornal The Guardian o meteorologista Eric Holthaus.
Prevê-se que a intempérie diminua
de intensidade no continente, logo depois de deixar de ser alimentada pelas
águas quentes do oceano Índico, mas que, ainda assim, produza elevada
precipitação, suficiente para causar cheias repentinas que podem ser violentas
nalguns locais.
As autoridades moçambicanas
anunciaram ter evacuado as zonas de risco de cheias desde a ativação do alerta
vermelho, na quarta-feira, transferindo cerca de 30 mil pessoas para mais de 30
centros de acolhimento, a maioria instalados em escolas.
O Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades, citado no site Notícias de Moçambique, terá recorrido a métodos
compulsivos para transferir parte dos milhares de pessoas que viviam em áreas
em risco.
De acordo com o mesmo jornal, dos
perto de 30 mil cidadãos retirados das zonas de risco, cerca de 25 mil são do
distrito de Palma, cujo administrador, Valgy Tauabo, assegurou ao Notícias que
a maior parte dos residentes da zona baixa aceitou abandonar voluntariamente a
área.
Por seu turno, o secretário
permanente de Macomia, Adelino Cavava, disse que o edifício dos Correios de
Moçambique, cinco casas e uma mesquita foram destruídos pelos ventos fortes que
sopraram durante o dia, acompanhados de chuvas intensas.
Via: DN, VOA
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