A Exumação do corpo de Jonas Savimbi, esclarecida pelo PR na a 2ª Conferência de Imprenssa do ano 2018
O fundador da UNITA, Jonas Savimbi, desafiou todas as formas de poder, chegou a controlar a maioria do país e a arrastar potências vizinhas para um conflito de décadas, mas morreu acossado em combate, quase só. E desde a sua morte, a família muito tem implorado para que se faça a devolução do corpo para um enterro condigno.
O Presidente angolano João Lourenço a quando a 2ª Conferência de Imprenssa, destinada aos jornalistas nacionais e internacionais, questionado sobre este assunto afirmou que a exumação dos restos mortais do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, está dependente apenas da decisão do partido da oposição e família.
"Estamos preparados para, a qualquer momento, depositar os restos mortais [de Jonas Savimbi] onde quiserem. Mas a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) pede-nos calma”, afirmou João Lourenço, em conferência de imprensa, recordando que “muitas famílias gostariam da ajuda do Estado para localizar, exumar e transladar os familiares” que morreram durante o conflito angolano, entre 1975 e 2002.
A “UNITA está a atrasar o processo", acrescentou João Lourenço, que explicou que, após tomar posse, em setembro de 2017, o líder do partido do "Galo Negro", Isaías Samakuva, lhe deu conta da situação e pediu-lhe celeridade no processo.
O PR, acrescentou, dizendo ter procurado inteirar-se da situação e reativado a comissão de acompanhamento do processo, que juntava uma delegação do Governo, outra da UNITA e a família de Jonas Savimbi.
"A UNITA queixava-se da lentidão do processo, mas nós estamos a tentar resolver o caso. É como se dissessem agora: ‘não, não. Tenham calma. Não temos pressa'", referiu João Lourenço, garantindo que o processo terá também de passar por testes de ADN, uma a nível oficial e outro pela família", referiu.
A 15 deste mês, em declarações à agência Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, indicou que os restos mortais de Jonas Savimbi, que se encontram sepultados à guarda do Governo angolano próximos de Lucesse, na província do Moxico, onde foi abatido durante a guerra civil, só serão exumados em 2019.
Alcides Sakala indicou então que estão a decorrer discussões entre a UNITA e o Governo para a definição de um calendário e data para a operação.
Em agosto, na sequência de nova reunião entre João Lourenço e Samakuva, o chefe de Estado angolano garantiu o "empenho pessoal" para que o processo de exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi ficasse concluído ainda este ano.
"O ano já está no fim, naturalmente. Mas o importante é que as discussões continuam. Estas condições criadas para o efeito têm vindo a aproximar pontos de vista. Vai-se definir um quadro de passos que têm de ser dados e pensamos que, no início do próximo ano, poderemos apresentar eventualmente um cronograma quase definitivo deste processo", disse, a 15 deste mês, o porta-voz da UNITA.
O líder "histórico" da UNITA nasceu a 03 de agosto de 1934, no Munhango, a comuna fronteiriça entre as províncias do Bié e Moxico, e viria a ser morto em combate após uma perseguição das Forças Armadas Angolanas a 22 de fevereiro de 2002, próximo de Lucusse, no Moxico.
A exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi insere-se no quadro da "reconciliação nacional" promovida por João Lourenço - Governo e UNITA mantiveram uma guerra civil de 27 anos (1975/2002) -, que já permitiu realizar idêntico processo, concluído com uma homenagem ao mais alto nível, a um alto militar do exército do "Galo Negro", o general Arlindo Chenda Pena "Ben Ben", em setembro.
"Ben Ben" foi comandante do antigo exército da UNITA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), e, após a breve reconciliação concretizada em 1998, foi designado ex-chefe adjunto das Forças Armadas Angolanas (FAA), quando, no mesmo ano, viria a morrer devido a doença.
Os restos mortais de "Ben Ben" estavam sepultados num cemitério em Zandfontein, próximo de Pretória, na África do Sul.
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