Paulo Pascoal em entrevista "Fala sobre o Polémico beijo gay da novela Jikulumesso"

Paulo Pascoal é o primeiro angolano a editar um álbum de estúdio em inglês, e atuou na Broadway, levando no seu curriculum, a campanha internacional para a marca de relógios Swatch, e tem várias participaçoes  como dançarino em videoclips americanos, e participou em filmes e séries nos Estados Unidos e no Canadá e, em Portugal, tambem foi escolhido para a brilhante série “Depois do Adeus”. Estes são momentos que marcariam o percurso profissional de qualquer performer.

Paulo Pascoal tem uma carreira tão diversificada fica difícil de escolher um campo artístico. "Na realidade, sinto-me mais completo como criativo, sou um criativo, acho presunçoso considerar-me um artista, porque ainda estou à procura de uma linguagem que expresse o que sou em plenitude". Afirmou o artista.

Em entrevista ao site Dezanove.pt, foi dirigida a seguinte pergunta à Paulo Pascoal:

Um beijo entre dois homens numa novela angolana criou imenso burburinho, discussões e a novela foi suspensa durante uns dias. Como assististe a esta história?
 
Paulo Pascoal: Eu entendo a intenção da produção da Semba Comunicação de expor neste projecto, "Jikulumessu", diferentes retratos de acções da nossa sociedade. Infelizmente muitos dos casos ficcionados são mais comuns e reais do que queremos admitir. A corrupção, a violência, a prostituição, o uso de drogas são factores que têm alarmado o mundo pela forma como rapidamente se alastram a redes de tráfico, muitas delas que têm as crianças como principais vítimas. Não considero que a homossexualidade pertença à categoria do crime, e não vou ser condescendente com a censura, porque neste caso em particular, vai ajudar a vincar os preconceitos e a reforçar a homofobia. Por isso quando soube do beijo gay considerei-o aprazível. Pensei naquele rapaz confuso, que se está a descobrir e que não se consegue identificar entre os amigos, para esse rapaz, que são milhares deles, aquele beijo foi um acto de reconhecimento, foi a demonstração que existem mais pessoas como ele no mundo. É indiscutível a validade daquele beijo, porque pôs as pessoas a pensar e, certamente, despertou mais algumas consciências. Quanto à suspensão da novela, é algo que não vejo com bons olhos. A mesma novela apresentou uma cena em que uma jovem foi brutalmente violada por um grupo e isso não foi censurado, mas um beijo “bate-chapa” entre dois homens é censurado? Para mim não faz sentido. É uma chamada urgente para a realidade do mundo em que vivemos. A violência é aceite e o amor repudiado.

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